sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Produtos no Brasil terão selo de garantia de comércio justo a partir de 2012

Café é um dos produtos brasileiros que podem receber

certificação internacional de comércio justo

Está em fase de ajustes a criação do primeiro selo de comércio justo disponível à sociedade brasileira. Produtos certificados com os parâmetros que definem esta prática comercial estarão nas prateleiras de lojas e supermercados em 2012. A iniciativa irá representar vantagens para a agricultura familiar. Mesmo para produtores orgânicos que exportam, principalmente para a Europa, e que sofrem com a valorização do real, o modelo deve permitir alternativas econômicas.
A mudança é significativa. Hoje, o mapa mundial de “fair trade”, como é conhecido o comércio justo, reflete uma idéia de divisão internacional do trabalho, na qual os países do norte são compradores de matérias-primas e os do sul, produtores. O Brasil será a segunda nação deste hemisfério a ingressar no rol de compradores, junto da Austrália.
“Esperamos que boa parte dos consumidores brasileiros consiga reconhecer que o produto (certificado) com o fair trade é de qualidade, com o objetivo de melhorar a vida da população”, afirma José Manoel do Nascimento. Ele é presidente da Cooperativa de Agricultores dos Frutos da Paz (Cooapaz), que reúne 80 famílias em Maxaranguape, no Rio Grande do Norte. Além das cooperativas, a Associação Brasileira de Comércio Justo e o Ministério do Trabalho somaram forças para colocar em prática o selo brasileiro.
O comércio justo nasceu na Europa e nos Estados Unidos no pós-Segunda Guerra Mundial, na segunda metade do século passado. Por lá, a definição de rígidos parâmetros sociais e ambientais se deu depois de os consumidores terem notado que eram muito baratos os alimentos comprados das nações mais pobres, o que levantou desconfianças quanto à remuneração justa da mão de obra. Desde então, os critérios foram aumentando em número e em qualidade, e cresceu também esta corrente de comércio, que movimenta o equivalente a R$ 7 bilhões ao ano, segundo a Fairtrade International, que reúne 24 organizações em sua sede em Bonn, na Alemanha.
A criação do selo no Brasil nasceu de uma parceria entre os produtores e a Fairtrade International. Atualmente, há produtos brasileiros que já são certificados quanto ao comércio justo, mas não chegam aos consumidores do país, sendo exportados majoritariamente para a Europa. A Cooapaz, por exemplo, obteve no começo deste ano o selo para três de seus produtos: coco, abacaxi pérola e limão. Além disso, há banana, manga, mel, café e castanha da Amazônia entre as variedades brasileiras reconhecidas pelos critérios.
Isso garante às cooperativas um bônus de 10% a 20% no valor obtido pela produção orgânica, que normalmente possui preço mais alto do que variedades convencionais. Um dos critérios da responsável por certificar agricultores e compradores, a FLO Cert, é que se pague o mínimo acertado pela tabela de preço justo. Além disso, os contratos devem ter duração que possibilite o planejamento de longo prazo das associações, que podem exigir a antecipação do pagamento.O destino do bônus a que têm direito deve ser definido dentro da comunidade, sempre de maneira coletiva. Centros de inclusão digital, posto básico de saúde, tratamento de água, área de lazer e maquinário para transporte dos alimentos têm sido alguns dos caminhos encontrados para estas verbas.


Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/

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